Indulgência
Como voltar a ter 17 anos pode ser tão revigorante. Ter amigos que o são não por conveniÊncia ou por meras afinidades mas porque são verdadeiras almas gémeas. Meu Deus, a sintonia perfeita ao lado das pessoas perfeitas é um verdadeiro paraíso na terra e irrevogávelmente contagiante.
Por uma noite fui a verdadeira cinderela, sem preocupações, culpa, consequências... medos! Ri, chorei, dancei, berrei e bebi... muito!
O Olhar
Falaram-me de um olhar. Um olhar diferente um olhar digno de livro, algo que demonstra todos os sentimentos que já nem pensamos possíveis de existir.
Eu vi esse olhar com os meus próprios olhos e gostei do que vi.
Por uma noite fui livre. Sem pressões. Sem expectativas. Livre.
Essa noite modificou-me para sempre.
E por fim... A queda.
Deixei-me levar pela corrente... deixei flutuar. Deixei-me acreditar na mudança, na força do "so-called" destino. Que bom para mim, eu merecia ser feliz, eu merecia ter tudo de bom. Vamos então dar uma oportunidade à vida de te mostrar tudo aquilo que ainda podes viver.
Não havia nenhum sitio para ir, nada de novo para conhecer senão a desilusão e o desespero. Nada mais do um cadáver mutilado, mas não o suficiente. Ainda havia alguma parte inteira demais. Naquele centímetro quadrado de pele sem cicatrizes ainda havia espaço para mais uma.
Ninguém me disse para me mandar de cabeça, ninguém me garantiu que alguém estaria aqui para ajudar a suturar. Pois não. Nunca ninguém me disse que iria correr tudo bem. Apenas ia correr.
Afinal de contas a mercadoria já era danificada, porque não parti-la toda de vez??
Então expludo. DESISTO!!! O meu copo não trasborda... EU ESTOU REALMENTE A AFOGAR-ME! E então a verdade revela-se. A verdade é que ninguém vive a minha vida por mim. Ninguém vive o meu inferno, ninguém sentiu as minhas dores apenas opinam sobre ele.
Deixa o melodrama, age como uma adulta.
E então comete-se um erro, uma escorregadela sem consequências. Um para-suicídio. A única maneira de voltar à tábua-rasa. E agora são todos juízes e carrascos? O eu pior juiz e carrasco sou eu que vivo constantemente com os meus erros. Mesmo aqueles de que era suposto ser protegida.
Ajudam-me a cavar a cova, mas eu fico enterrada sozinha. Muito obrigado pelo apoio incondicional... na hora de por a corda à garganta.